segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

ELSA SHIAPARELLI

ARTE SURREALISTA











AGHATA RUIZ





































“Uma ou duas vezes pensei que em vez de pintura e da escultura, técnicas que conhecia bem, eu poderia inventar vestidos. Para eu criar roupas não é uma profissão, mas uma arte”. (Schiaparelli)



Elsa Schiaparelli nasceu em Roma em 1890. A família era composta de aristocratas e intelectuais.
Sobrinha de Giovanni Schiaparelli, ilustre astrônomo descobridor dos canais de Marte. Na infância já demonstrava possuir uma mente fértil e inovadora. Dizia que quando criança sentia-se muito feia e para ficar mais bonita colocava sementes na boca e ouvidos na esperança de que elas florescessem (QUEIROZ, p.24, 1998). Aos 20 anos publicou uma antologia de poemas eróticos. Esse fato não soou bem para a sociedade da época, a família insatisfeita enviou-a para um colégio interno. Elsa, inconformada com a atitude dos pais, iniciou uma greve de fome e conseguiu sair do colégio. Partiu para a Inglaterra e lá conheceu o conde William de Wendt. Em 1914 casaram-se e nasceu Gogo, sua única filha. Durante a primeira guerra mundial o casal permaneceu na França e em seguida tiveram que mudar-se para os Estados Unidos. A união durou apenas cinco anos. Com a separação Elsa ficou economicamente abalada. Mas para a estilista essa fase foi apenas um empurrão para a fama e o sucesso. A situação em que se encontrava (sem o marido em um país estrangeiro e com uma filha) fez com que ela se ocupasse de vários tipos de trabalho. Segundo Queiroz (p.25, 1998), um dos primeiros contatos com a moda foi o de vendedora dos vestidos de Nicole Groult, irmã de Paul Poiret. Em 1922 radicou-se em Paris.
No intuito de conquistar sua independência financeira, começou a trabalhar guia de mulheres ricas norte-americanas.




A estilista começou sua criação fazendo tricô, lançou com sucesso um suéter feito à mão com um laço tipo trompel’oeil (falsa impressão) (SABINO, p.250, 2007).
No início da carreira, tinha poucos recursos financeiros, no entanto contava com o prestigio social e os laços de amizades com grandes nomes de artistas modernistas e pessoas ligadas a eles. Uma de suas amigas, Caby (mulher do artista francês Picabia), tornou-se sua sócia em uma modesta boutique. Essa sociedade lhe trouxe bons resultados. A amiga apresentava-lhe pessoas importantes da alta sociedade, entre elas, Adolf de Meyer, Alfred Stieglitz, Man Ray e Edwaed Steichen e também o famoso estilista Paul Poiret. A partir daí, a estilista tornara um dos grandes nomes da moda do século XX. Revolucionária e polêmica soube apropriar-se dessas características. Os trabalhos dos amigos Salvador Dali e Jean Cocteau serviram como inspiração para a suas criações. Considerada como introdutora das idéias artísticas do surrealismo, do feio e do chique (QUEIROZ, p.24, 1998) Lançou modelos inspirados na arte de Salvador Dali como, o vestido gaveta e o vestido lagosta, ambos homenagearam a obra do telefone lagosta apresentada pelo artista em 1916.
Schiaparelli foi a primeira estilista a trabalhar com coleções temáticas. A primeira foi em 1937 e celebrava a iconografia musical. Outra inovação foi o uso do zíper, embora já fosse sido patenteado anteriormente, este era usado apenas em roupas íntimas, trajes utilitários e bagagens. Com a inovação da estilista, o zíper passou para o lado de fora do vestuário e em várias cores. Observando que anteriormente o zíper não era usado na alta costura.Elsa também usou os desenhos de Cocteau, reproduzidos e bordados por Lésage. Em 1938 apresentou a coleção Lê Cirque ou o circo, cujos elementos de estilos eram acrobatas, elefantes e cavalos. Schiaparelli possuía um designer inovador e dava grande destaque aos detalhes. Um estilo inédito marcou a essência do hard chic (chic agressivo). Fez roupas direcionadas ao sport Wear e ousou nas cores, entre elas o rosa choque (Shcking pink). Essa cor deu nome ao perfume Shocking, que embora fosse polêmico (frasco em forma de um busto feminino), foi muito aceito. O Shocking para alguns era apenas um formato de ampulheta, para outros era a reprodução do corpo da atriz norte-americana Mae West, isso se dava por ser uma criação de Leonor Fini, artista da época, cujos traços eram considerados eróticos. Schiaparelli tinha aversão ao tradicional e isso contribui para a experimentação de materiais inusitados como o crepe de raiom, o acetato de celulose, o celefone e o rhodofone. Os chapéus também receberam grande destaque e mudanças no formato, entre eles o “mad cap”, com formato de bisteca de porco e sapatos. Os cabelos ganharam novos cortes para acompanhar as roupas, o Swept up ou voltados para cima era o grande sucesso da época.Schaparelli, como todo criador recebeu severas criticas, inclusive da genial Coco Chanel. A rivalidade entre as duas era um prato cheio para a mídia da época. Diziam que Chanel referia-se a Schaparelli em tons pejorativo como, “aquela artista italiana que faz vestido”. Schiaparelli rebatia dizendo “Burguesinha triste e monótona”. Embora Chanel tivesse construído um império, o termo burguesinha, era pejorativo, pois lembrava a seu passado de pobreza (era o mesmo que dizer emergente, nova rica, porém sem berço). Chanel, diziam os comentários, era de origem humilde, criada em um orfanato, por ter sido pobre conseguiu sua independência através de seus amantes. Schacaparelli conheceu um mundo diferente, bem nascida, criou-se no meio de uma família aristocrata, no palácio Corsim em Roma, viveu rodeada de grandes artistas e intelectuais. Viajou por vários países. Esse fato rendia-lhe muito prestígio junto à sociedade da época. No entanto outra guerra (segunda Guerra) veio para atrapalhar a vida da estilista. Teve que novamente se afastar para os Estados Unidos. Em sua ausência condessa de Haydn substitui-a. Após a libertação de Paris em 1945, Schiaparelli retomou sua posição.


Elsa revolucionou a moda de seu tempo, desafiou a tradição ao adotar agressividades nas cores e aspereza nos tecidos. No período Pós guerra, sua marca registrada “O feio chic” e suas roupas notáveis, já não faziam parte do contexto econômico. A guerra havia trazido grandes modificações na vida das pessoas.
Em 1945, Schiapareli apresentou sua última coleção, contudo graças ao seu poder de criação e ousadia ainda continuou a criar deixando sua marca em vários seguimentos da moda. Dizia que “as roupas têm de ser arquiteturais – o corpo nunca pode ser esquecido e deve ser visto como uma estrutura usada em um edifício”. Schiaparelli fechou sua casa, contudo, deixou seguidores entre eles Hubert de Givenchy, Philippe Venet, e Pierre Cardin (todos faziam parte de sua equipe). Fechou sua maison, mas não saiu do mundo da moda. Continuou como consultora das empresas licenciadas. Em 1954 encerrou definitivamente seus negócios, porém manteve uma vida confortável. Morreu em 1973 aos 83 anos. Escreveu um livro de memórias intitulado Shocking, era o nome do tom de rosa favorito. Segundo críticos de suas criações, Schiaparelli foi inovadora, excêntrica, bizarra, polêmica e até chocante. Elsa Schiaparelli quebrou paradigmas contidos em uma sociedade ainda fechada por ideais tradicionais. Teve sua inspiração criativa junto à corrente modernistas, surgida nas manifestações feitas à devastação causada pela primeira guerra mundial. Acrescentou peças ligadas à arte Surrealista. Elza representou a arte através da moda. Seus vestidos e acessórios eram obras de artes “ambulantes”, uma forma de divulgar ao mundo novas concepções e ideais. A maior contribuição de Schiaparelli foi realizar uma aliança entre a moda e arte.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


QUEIROZ, Fernanda. Os Estilistas. São Paulo, SENAI CETVEST, 1998.
SABINO. Marco. Dicionário da Moda. Ed. Campus: Rio de Janeiro, 2007.

Sites e blogs visitados (IMAGENS REPRODUZIDAS)

Alifemorefabulous.wordpress.com
Carolnasserstore.wordpress.com
Thenerdfshionist.blogspot.com
http://www.randomhouse.com/
Anaclagorrmendia.blogspot.com
Anamontieblogspot.com
Profacamilagonçalves.blogspot.com
Reirien.com/shocking-by-elsashiaparelli

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