terça-feira, 12 de janeiro de 2010

PAUL POIRET


O costureiro que libertou a mulher do espartilho






















Paul Poiret nasceu em 1879 na cidade de Paris, em um bairro chamado de La Samaritaime. Era uma criança geniosa e por isso o pai o matriculou em um colégio de jesuítas acreditando que o filho mudaria o comportamento, o que consta na historia, é que tal procedimento não obteve os resultados esperados. No colégio fazia visitas freqüentes ao teatro, tal contato rendeu-lhe ricas inspirações nas suas criações.
Antes de entrar para o mundo da moda o estilista trabalhou em uma empresa de guarda chuvas. Queiroz (1998, p. 12) dá informações de que esse período não foi tão bom para Poiret, pois ele precisa trabalhar, portanto passava noites a fim desenhando roupas inovadoras e as costurava com sobras de tecidos vinda da fábrica. Em 1898 vendeu alguns de seus modelos para o Maison Chéruit e Jacques Doucet, o segundo gostou tanto que o contratou para trabalhar em seu atelier. A primeira criação para Doucet teve excelentes resultados, tida como uma peça ousada para a época, uma capa vermelha de crepe com forro cinza voltando-se para fora formando lapelas. Nesta época Poiret passou a fazer figurinos para as famosas atrizes, Réjane e Sarah Bernhardt. O estilista progrediu muito, trabalhou por dois anos com Doucet, no entanto seu gênio difícil o fez parar de criar para a Maison. Foi despedido porque permitiu que uma namorada levasse desenhos seus para um concorrente com preços mais baixos. Ao sair da Maison Poiret ingressou-se no exército e por lá ficou durante três anos.
Em 1901, Poiret começou a trabalhar na casa Whorth. Em 1903 abriu seu primeiro salão, na rua Albert. As criações de Poiret eram consideradas muito simples para o período, no entanto extremamente elegantes. O auge da moda Poiret está datado no período de 1908 a 1914. Casou-se com Denise Bulet, uma moça vinda do interior, as pessoas ficaram surpresas com a escolha. Em pouco tempo transformou a esposa em uma das mulheres mais elegantes da Paris. Denise se transformou em uma espécie de vitrine a divulgar o trabalho do marido.
Poiret é reconhecido no mundo da moda como o grande costureiro que aboliu de vez o uso do espartilho. Lehnert (2007, p.14) diz que ao contrário de outras pessoas, o costureiro queria o fim do uso da peça apenas porque não a via como algo de bom gosto e moderno. Desejava revigorar a moda do seu tempo, ou seja, não havia nenhuma preocupação com a saúde, mas sim com a estética da silhueta feminina. Para o costureiro a beleza da mulher deveria ser vista de forma natural e como suporte bastaria usar o soutien e uma cinta. O soutien moderno e a calcinha (caçelons) confeccionada de seda e algodão menos volumosa são criações peças de suas criações.
A França deste período vivia a tendência do orientalismo. A apresentação da peça Shérazade (balé russo) cujos figurinos eram assinados por Léon Bakst, deu início a esta tendência. As cores fortes, as calças odaliscas e os tecidos brilhantes passaram a fazer parte das criações de Poiret. Suas inspirações vieram do fauvismo.


Poiret desbancou a moda ostentativa predominante desde século XVI, disse certa vez para a revista Vogue (1913):

“vestir uma mulher não é cobri-la com ornamentos, mas sim sublinhar o significado de seu corpo e realçá-lo, envolver a natureza em um contorno capaz de acentuar sua graça” (QUEIROZ, 1998, p.14).

As peças mais inovadoras do costureiro foram: a Minaret, que era uma túnica em forma de abajur, a saia funil, que exigia da mulher passos curtíssimos, o trotteur (tailler de corte masculino) e para fazer uso dele, foi necessário subir a barra da saia até o calcanhar, fato que escandalizou que provocou espanto nas pessoas conservadoras da época. As calças odalisca e culote são precursoras das pantalonas e de outros modelos de calças atuais. Observando que de início estes trajes não eram aceitos por todas as mulheres, mas sim por atrizes e mulheres mais ousadas.
Poiret transformou-se em um dos mais famosos costureiros, no entanto com o início da Primeira Guerra Mundial, Poiret teve que se afastar para servir o exército. Foi uma de suas piores fases. Por constar em seus documentos a profissão de alfaiate, teve que arrumar os uniformes dos soldados, tarefa nada fácil para ele que não sabia costurar. Desenhou fardas mais práticas e com menos tecidos. Passou a ser chefe de produção, mas o temperamento genioso o colocava em constantes dificuldades. Após a guerra retornou ao seu atelier, mas percebeu com muita frustração que a moda seguia o espírito do momento, suas roupas já eram consideras ultrapassadas. Poiret organizou festas no intuito de resgatar seu prestígio, mas foi em vão. Caiu em ruína a esposa e os clientes o abandonaram. Em abril de 1944, Poiret morreu pobre e esquecido.
Muitos dizem que Poiret após retornar ao seu atelier fracassou pelo fato de não acompanhar a tendência pós guerra. Seus vestidos não eram práticos para um período em que as mulheres tinham que suprir a ausência do homem em casa. Chanel surgia libertando de vez as mulheres dos adornos e dos cortes desconfortáveis. Para ela a liberdade de movimentos femininos significava a modernidade.





BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:


QUEIROZ, Fernanda. Os Estilistas. São Paulo, SENAI CETVEST, 1998.
LEHNERT, HISTÓRIA DA MODA. Do Século XX. São Paulo, konemann, 2007.

BLOGS E SITES VISITADOS:

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veja.abril.com.br//30607/p_102.shtml
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